Elvira Amrhein |
Se
tenho asas e não posso voar! Se tenho olhos e não posso ver! É tudo por causa
do que me nego, e cega assim, às vezes me entrego, me perco. Então caminho pra
não ter de voar, confundo rostos, sentimentos. Amo o vento como fosse brisa do mar,
aceno convicta pra quem não conheço, às vezes ninguém está lá.
Como
uma louca com asas que se nega a voar. Somente uma louca com asas se negaria,
assim, a voar! Porque não vê, pressente. E a dor, dói tanto que cala. A
alegria, de ser tão alegre, dói.
De
repente tudo foge ao controle, a roda se põe a girar, asas assumem vida
própria, levantam voo à revelia. Maldigo o vento, o tempo, a sorte, o destino.
Respiro o antigo, peso o corpo, não vejo, me perco, me nego.
Nenhum comentário:
Postar um comentário