C.Cenot |
E
de não saber o que era o amor, afoguei-me no oceano sem águas. Perdi o ar e
senti a leveza da inconsciência, da realidade fora do corpo.
E
de não saber o que era o amor, deixei-o passar, absorta nas sensações do fogo
que me ardeu. Restei cinzas.
O
amor? Não sei se aconteceu, se alguma vez aconteceu. Amor sem fim. Amor tem
fim. Começo, meio e fim.
E
de não saber o que era o amor, não me dei conta de que morria, eu, anuviada de
não o ter vivido.
E
de não saber o que era o amor, descrevi-o em palavras: perfeito. Desfeito,
incerto, puído, bordado, florido, na frase, na rima, só pra mim.
E
agora, de não saber o que é o amor, aborto-o, esvazio-me e sigo e vivo.
Procuro-o, escondo-me. Não quero saber se é amor.
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