sábado, 1 de novembro de 2014

O amor

C.Cenot


E de não saber o que era o amor, afoguei-me no oceano sem águas. Perdi o ar e senti a leveza da inconsciência, da realidade fora do corpo.

E de não saber o que era o amor, deixei-o passar, absorta nas sensações do fogo que me ardeu. Restei cinzas.

O amor? Não sei se aconteceu, se alguma vez aconteceu. Amor sem fim. Amor tem fim. Começo, meio e fim.

E de não saber o que era o amor, não me dei conta de que morria, eu, anuviada de não o ter vivido.

E de não saber o que era o amor, descrevi-o em palavras: perfeito. Desfeito, incerto, puído, bordado, florido, na frase, na rima, só pra mim.

E agora, de não saber o que é o amor, aborto-o, esvazio-me e sigo e vivo. Procuro-o, escondo-me. Não quero saber se é amor.

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