Anselm Feuerbach |
E
de repente te sinto, inteiro, como fosse uma possessão. Pressinto o teu
desespero, teu temor insuportável, que por um instante torna-se meu temor
insuportável.
E
você insiste. Persegue minha sombra e a ela se funde, fazendo-me duvidar do que
vejo.
Como
piche, gruda-me na alma. Improvável de ser descolado, escurece-a, sufoca-a.
Aqui
não há ar suficiente para nós dois. O oxigênio que resta apenas potencializa a
combustão. Labaredas que consomem, marcam na pele cicatrizes horrorosas.
Já
sabemos o final da história ainda antes
do livro ser aberto. Porque a paixão é clichê, o egoísmo é intrínseco, a dor é
pungente.
Quem
sabe morremos. Quem sabe a libertação não venha no momento em que o corpo não
tiver mais utilidade além da carcaça do que já foi, os prazeres tiverem definhado
no frio do que talvez nunca tenha sido.
É
uma pena que não seja. Uma pena que não tenha sido. Uma pena ter de morrer. Uma
pena já ter morrido.
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