Salvador Dali |
Te
busco onde inexisto. E tua sombra arredia funde-se ao imponderável do meu
corpo. Por um segundo somos vulto, melodia que brisa, que passa. Desintegra-se.
Te
desejo no impossível. E teu vazio funde-se ao meu. Por um segundo somos corpo, matéria,
um novo planeta só nosso, que brilha estrela. Apaga-se.
Te
compreendo na obviedade. E tua crueza funde-se a minha essência. Tua essência funde-se
a minha crueza. Por um segundo somos nós mesmos, desnudados em carne viva,
coração que espanca dentro do peito, colapsa.
Te
perco na primeira escuridão. No tremeluzir inevitável das pálpebras. E tua
imagem desfocada funde-se ao meu devaneio. Por um segundo somos apenas um.
Imagem que deslumbra, solitude que sufoca, cega.
Te
desisto. E tua insistência funde-se a minha impossibilidade, me invade o
sossego. Escorrego palavras da mente. No vale do silêncio procuro abrigo. Por
um segundo não posso... Simplesmente não posso mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário