segunda-feira, 2 de novembro de 2015

O Indizível


Picasso




Hoje acordei assim. Visão nublada.
Olhos de um estranho. Mente calada
E o coração querendo
como criança mimada
que quer porque quer
E eu não posso fazer nada.

Hoje acordei assim. Sendo.
Uma personagem de um conto que não é meu.
Uma mulher que não cresceu.
Perdida. Vagando menina.
Na terra encantada.
E eu não posso fazer nada.

Hoje acordei assim. Saudosa do que não tenho.
Da praia nunca visitada
Do mar que não mergulhei
Olhos azuis cristal que me envolveram na madrugada
E dissolveram na areia dos castelos que construí.
Não sobrou nada.

Hoje acordei assim. Decidida.
E dizer o que palavras não podem definir
Então inventá-las para significar
O que eu sinto e não posso sentir
Ou porque a palavra seja tão errada
Ou porque eu não sinta mais nada

Hoje acordei assim. Talvez nem esteja acordada
Querendo uma nota para minha canção de "amar".
Mas se eu nem mesmo sei cantar?!
Mas se é tudo ilusão?!
E é proibido o verbo em questão
Eu não posso fazer mais nada.