sábado, 25 de outubro de 2014

Morte Iminente



Paul Cezanne


O que me mata, não são seus olhos insinceros, sua verdade leviana e insegura, os mecanismos torpes do seu pensar.

O que me mata, não são suas intenções duvidosas, seu humor quase premeditado, seu jeito de olhar ignorando tudo.

O que me mata, não é a falta de expectativa, suas palavras não ditas, seu fogo gelado, seu peito vazio, seus infortúnios.

O que me mata, é compreender tudo isso. E de compreender, duvidar de mim mesma. E de compreender, reconhecer-me no espelho e não conhecer-me mais.

O que me mata, é a culpa que de tua fica minha. O disparate de pensar que poderia te ter em sua melhor versão e de te ter, me ter. Quem sabe resgatar para o meu corpo pedaços de alma, que displicente fui perdendo por aí...

É tudo isso que me mata.

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