"O fim e o começo" - Museu Lasar Segall |
... A porta destrancada autorizava-me entrar sem bater. A bichana da família, inquieta enroscava-me os tornozelos, pressentia, miava como que querendo dizer... O que eu há muito já sabia, antes mesmo de chegar lá. Deparei-me com ele de pé no final do corredor. Ainda estava de cuecas. Me olhava. E na sombra da noite que já se ia, tive a impressão de algo em sua mão. Ele parecia menor do que de costume. Mais indefeso que de costume.
Dele, não me despedi. Auto-piedade.
Desviados olhos da linha contínua que apitava na pequena tela, baixei a cabeça e me dei conta do saquinho em sua mão. Coberto de nódoas; das balas apodrecidas pelo tempo. Ele, somente 65, liquefeito em sangue, renascia em corpo de menimo. Voltava para o banco da sala de embarque, de onde nunca havia saído. Ia esperar por ela.
Um comentário:
Belas palavras Maria Flor!!!Não perca nunca o rumo e vá em frente!!!Bjs!!!
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