sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Dos meus anarquistas

Leonardo da Vinci, Uffizi, Florence
Dela me despedi em sonho. Fui até lá. A abracei e beijei. Incansável. Implorado. Não me deixasse para atrás. É que ele já tinha ido. Ela sorriu. Eu acordei. E fugida de seus lábios refugiei-me entre palavras. Descobri então, que sorriso também é palavra. Ela saiu corrida ao encontro dele. Tinha que ser assim.
Saídos. Ela e ele. Mãe e filho. Avó e pai. A batida de porta ecoou tempos na casa vazia que de engraçada nada mais tinha. Sem janela, sem parede, sem teto, sem rumo, sem chão.
Reparei um bilhete, logo ali, na fresta da porta. Era para mim. "Non piangere bambina. Vivi la vita, scrivi la tua verità. Mai ti dimentica che sei un'anarchica."
Mas era apenas o vizinho dando condolências pelo luto.
É dessa saudade inteirada... Dos meus anarquistas, graças a Deus

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