quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Era uma vez...



Gustav Klimt
Um aeroporto. Uma despedida. Ela, em tempos perigosos, decidira navegar pelos mares do bravio  comunismo. Ele, apenas 5, carregava na mão um saquinho de balas, porque os de 5 adoram comer balas! Mas aquelas eram especiais. Para ela. Dono de tamanha força de vontade prometera a si,"dessas não como nenhuma". E ela, de mãos ocupadas esqueceu de pegar. Hora de embarcar. Nela, os olhos hesitavam, as pernas decididas. Tinha de ser assim. Ele, que de imitar alguém, acenava para ela com a mãozinha que estava vazia. Nada entendia daquele adeus. Era a tentativa derradeira de entregar os doces à mãe. Mas ela se ia. Levaram-no. E foi no justo momento em que ela chorava escondido que ele de não ver, crescia na culpa e na ignorância daquelas lágrimas.

2 comentários:

Daniel Febba disse...

Gosto muito da composição da sua narrativa e sua linguagem é, sem dúvida, moderna-contemporânea, caminhando para um estilo que será somente seu. Você domina a mais importante ferramenta do ofício, as outras virão por mérito, pode ter certeza! Que Maria Flor seja a janela para esse começo!
Parabéns!

Ofélia Maia disse...

Gosto muito do que você escreve. Parabéns.