segunda-feira, 4 de agosto de 2025

O livro e o continente

 



Estar com um livro na mão 

É sempre minha chance, um caminho

Uma nova versão 

De mim mesma

E conhecer meus obtusos,

Reconhecer meus intrusos, 

Convidados pelas frestas deixadas pelos medos meus

Do mundo. Assustador mundo que só existe

Porque antes o criei

Assim do jeitinho que ele se apresenta

Me abre, me entra

Meu palco, meu monólogo

Minha chatice cansada

Minhas ilusões, meu tudo e meu nada.

Meu parque de diversões, meu pronome possessivo

Lugar onde habito,

Onde eu e minha personagem se fundem, se perdem

Se inundam de dor e dúvidas 

E falta espaço, e sobra ausência.


Mas aí o livro na mão 

A respiração, minha derradeira chance

Sempre na iminência, sempre Alice

Em busca desse país, terra da maravilha

E deixar então essa ilha, para alcançar o continente

Esse lugar que acolhe e compreende 

E mora dentro de mim.


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