Anoitece meu corpo, reintegro-me ao ar
Vejo os mistérios todos, entre o céu e o mar
Mas nem todo mistério se quer desvendar
A tristeza acende e apaga, colorido que mata
E do preto ao branco, não resta mais nada
Escombros são os seres que perambulam
Em plena agonia e certeza
da mente que apaga a beleza, acende a crueza…
Cadê a poesia?
Mas se a dor e a alegria, a paz e a guerra
As bombas e os beijos, o amor e o desprezo
O ódio e a compaixão,
São antagonistas que dadas as mãos
se completam À destruição?
São círculos com arestas, quadrados que não tem lados
Palavras cheias de frestas, nos dentes encalacrados
Ódio do bem. Bem do mal
Trocadilhos dementados
Que definem o que é real?
Mistérios de um adoecimento,
trazidos do Norte Ou seria do Sul?
Ou seria de dentro, ou seria do vento?
Só de observar. Observo. Abafo os sentidos
Numa terra de olhos e ouvidos,
a cura está na ausência,
Nos cantos infinitos dos corpos anoitecidos
No escuro estrelado da inocência.
Mas se a inocência é um dos mistérios que se perdeu
E que apenas nos restam olhos e dentes
Recorro às fábulas e ao espelho espelho meu
Que me diga se o vilão sou eu, então
Arranquem-me os olhos, a mente
Me deixem o coração somente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário