terça-feira, 16 de setembro de 2025

Reflexões entre o céu e o mar








Anoitece meu corpo, reintegro-me ao ar

Vejo os mistérios todos, entre o céu e o mar

Mas nem todo mistério se quer desvendar


A tristeza acende e apaga, colorido que mata

E do preto ao branco, não resta mais nada

Escombros são os seres que perambulam

Em plena agonia e certeza 

da mente que apaga a beleza, acende a crueza…


Cadê a poesia?

Mas se a dor e a alegria, a paz e a guerra

As bombas e os beijos, o amor e o desprezo

O ódio e a compaixão, 

São antagonistas que dadas as mãos 

se completam À destruição?


São círculos com arestas, quadrados que não tem lados

Palavras cheias de frestas, nos dentes encalacrados

Ódio do bem. Bem do mal

Trocadilhos dementados 

Que definem o que é real?


Mistérios de um adoecimento, 

trazidos do Norte Ou seria do Sul? 

Ou seria de dentro, ou seria do vento?


Só de observar. Observo. Abafo os sentidos

Numa terra de olhos e ouvidos, 

a cura está na ausência, 

Nos cantos infinitos dos corpos anoitecidos

No escuro estrelado da inocência.


Mas se a inocência é um dos mistérios que se perdeu

E que apenas nos restam olhos e dentes 

Recorro às fábulas e ao espelho espelho meu

Que me diga se o vilão sou eu, então 

Arranquem-me os olhos, a mente

Me deixem o coração somente.


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