Percebo que ainda nem nasci
E lá fora: O sol quente e lindo da manhã
As correntes do balanço,
gritinhos animados, ouço e imagino a diversão
Imagino a grama, o pega ladrão, a leveza
O céu, os lugares todos do mundo
Pessoas em vida plena
A poesia em cena
E eu em trabalho de parto
Nem trabalho
Nem parto
Só mente
Me mente
E eu crédula, nem feto, nem gente
Dedinhos à borda do oceano, gelado?
Quente, mas no ensaio do mergulho
Não sei, entende?
Só queria ser, só queria estar presente
Alguém que vive, olha, sente
Escreve a palavra pela lindeza,
A poesia em correnteza
Perene e livre
Mas se sou ainda represa
Que prende, amarra a saída
Controla e mente
para mim mesma
Preciso do fórceps
Alguém, por favor, o fórceps?
É urgente! Preciso nascer
Ser simplesmente. E estar no palco
Nos bastidores, na plateia
Estar todinha, consciente
Esquecer as ciladas da mente
Só verso, somente.
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