segunda-feira, 4 de agosto de 2025

A vida é agora

 



Percebo que ainda nem nasci

E lá fora: O sol quente e lindo da manhã 

As correntes do balanço,

gritinhos animados, ouço e imagino a diversão 

Imagino a grama, o pega ladrão, a leveza

O céu, os lugares todos do mundo

Pessoas em vida plena

A poesia em cena


E eu em trabalho de parto

Nem trabalho

Nem parto

Só mente

Me mente


E eu crédula, nem feto, nem gente

Dedinhos à borda do oceano, gelado?

Quente, mas no ensaio do mergulho

Não sei, entende?


Só queria ser, só queria estar presente

Alguém que vive, olha, sente 

Escreve a palavra pela lindeza, 

A poesia em correnteza

Perene e livre


Mas se sou ainda represa

Que prende, amarra a saída 

Controla e mente

para mim mesma

Preciso do fórceps

Alguém, por favor, o fórceps?


É urgente! Preciso nascer

Ser simplesmente. E estar no palco

Nos bastidores, na plateia

Estar todinha, consciente

Esquecer as ciladas da mente


Só verso, somente.


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