segunda-feira, 23 de junho de 2025

Eu no mundo





Uma coisa é certa: 

não quero ser como vozes que rasgam a noite adormecida, 

verdadeiros bate estacas perturbando silêncios e liberdades. 

Não quero ser como vozes que vociferam murros em ponta de lança, 

desejando que o sangue que escorre das mãos feridas e os gemidos de dor, 

sejam atos de extrema bravura, brados por justiça. 

Não quero ser voz que intimida pretextando posicionamentos, 

que oprime pretextando direção, 

que mata em nome de uma causa.


Quero ser brisa em um jardim florido. 

Livre para libertar. 

Solta para voar. 

E poder sussurrar as palavras carregadas de significâncias, reflexões. 

Quero ser voz que em silêncio diga o que dói na alma 

e não precisa doer. 

E ainda no silêncio sugerir a paz. 

Assim, leve e sútil quero ser uma das bilhões de gotas que compõem o oceano, 

e quero dançar sobre as águas, 

e quero planar na imensidão. 

Quero compor meu próprio caminho, 

ainda que solitário, mas inspirador. 

E se no final da minha jornada eu tiver sido capaz de alcançar, 

ao menos um, 

capaz de inspirá-lo a também alçar seu próprio voo, 

terei a certeza de que tudo deu certo.


 

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