sábado, 24 de janeiro de 2015

Escolhas

Picasso



Tantas portas. Tantas, de perder de vista. Por todos os lados, portas.
É estranho saber dentre elas a minha. Simplesmente sei. A mais estreita. No fundo. Nem à esquerda, nem à direita. No fundo. A estreita.
E logo eu, que tenho andado tão fora do peso tão fora do prumo, que não passo ali. Não sem sofrimento. Esvaziar assim uma das mãos para caber no vão, poder passar.
Do outro lado, o elixir. É bebida doce, que de tão doce amarga, a boca ludibriada pelo sabor da paixão, por um mórbido prazer, exaustão.
E qualquer coisa que se diga, é da boca para fora. Qualquer coisa que se faça, é da porta para fora. Porque ela é estreita, assim como meu coração. Estreito, teimoso, meio quente meio morno que não aceita pulsar outro ritmo, outra nota. Minha porta. Estreita. Nem à esquerda, nem à direita. No fundo.

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