sexta-feira, 17 de setembro de 2021

 

Andrew Atroshenko


Sob o céu violeta de estrelas, por um momento sou melodia, sou corpo, sou mar. A gravidade me mantém. Grand Jeté entrelacé, é o voo que liberta, me carrega de volta. Posé pas de bourrée glissade saut cheval e busco no infinito as mãos que me conduzem. Sou ar. Livre do peso da existência que se escolhe sem se escolher. Movimentos em harmonia, valsa, ondas que se desfazem gentis na areia. Sou inteira. Flutuo, giro, abraço. Tão sereno é o andar. Ah! Se eu pudesse só ser dança, se eu pudesse só ser mar! Mas sou as pegadas na areia que morrem e renascem a cada novo passo. O tempo não existe. Tudo é espaço. De olhos fechados o corpo se curva, suave se alonga, outra onda, e outra… no ritmo do vento, enquanto a música soprar e meu corpo me pertencer. Sou melodia, sou noite, sou dia, sou sina, sou parte de Deus.


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