E se agora tudo fosse dito. E se agora o inaudito. Mas o tempo não há de deixar. Mas o vento não há de brisar. E quando o absurdo deixar-se adentrar. E quando o escuro voltar a iluminar, eu estarei aqui. Ainda serei eu na busca da completude. Compreendendo a insanidade cotidiana da sanidade, acertando as vírgulas nas frases desconexas, querendo palavras que definam o que não se vê, não se toca, e que me tange em pensamento obsessivo. O sentimento pungente, visceral tão presente tão vivo tão ausente que me deixa as mãos vazias, o coração murcho, batendo doído e a cabeça pulsando em taquicardia. Tão perto e impossível quanto a distância do que me pertence. E se o céu clarear. E se o sol insistir. Mas o tempo não há de deixar. Porque o tempo não há de porvir. Eu ainda estarei aqui. Imóvel no mesmo lugar. Incapaz do passo, decadente do traço. Deixar para trás. Fenecer.