quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Caminhada

Dali



Desnudada de si mesma. A menina ia. Passos, que de tão leves não tocavam o chão. Assim distraída, a menina sorria. Sorriso nascido de um riso, que de tão solto a fazia tola. Dissidente de si mesma, a menina apenas escolhia outro caminho. Caminho que nada oferecia além de pequenos rompantes à alma. E na despretensão curiosa de saber, ela ia. Caminhava sem rumo. No rumo de casa. Fugida de si mesma. Assim a menina ia. Na estrada que não era feita das pedras amarelas, sem encantos nem fadas, apenas uma mala carregava na mão. Mala cheia do vazio que a acompanhava. Como fosse o medo da felicidade eterna, a clausura úmida das dores. Velhos conhecidos. A menina, da mala não poderia separar-se. Nunca. Um troféu, uma mácula. Passado que carregaria consigo até o fim. Um novo final. A mesma busca.
E quando o céu quis acinzentar, ela, gentil o reverenciou. Destemida de si mesma. Assim a menina ia. Deslumbramento que fazia do sépia, colorido, que de tão vivo ofuscava as vistas. Vai ver por isso, as lágrimas.